O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central definiu, em reunião realizada na última quarta-feira (29/10), a elevação da taxa básica de juros da economia brasileira (taxa Selic) em 0,25 p.p., o que a conduziu ao patamar de 11,25% a.a.. Assim, a taxa Selic atinge o maior nível desde outubro de 2011. A decisão foi resultado de um placar dividido, de 5 votos a favor da elevação e 3 votos pela manutenção da taxa em 11,00% a.a. Este aumento rompe um movimento de estabilidade da taxa Selic que prevaleceu por três reuniões, desde abril.
A decisão pelo aumento dos juros surpreende pelo momento em que foi tomada. O patamar da inflação observado nos últimos meses, bem como a elevação do câmbio e deterioração fiscal recentes, já sinalizavam a necessidade de um novo ciclo de aumento de juros para controlar a inflação em 2014, dadas as projeções para o próximo ano. O aumento ocorrido apenas alguns dias após as eleições presidenciais mais acirradas do histórico recente brasileiro, contudo, sinalizam que o calendário eleitoral vinha provocando um adiamento dessa decisão. A única alteração significativa de conjuntura em relação à última reunião do Copom, aparentemente utilizada como justificativa pelo comunicado divulgado, foi o aumento do câmbio. No entanto, esse aumento ocorreu justamente porque o próprio Banco Central vinha atuando para manter o preço do dólar artificialmente valorizado.
Com isso, a decisão tomada ontem pode ser interpretada como a retomada do ciclo de aumento de juros iniciado em 2013 e interrompido em abril desse ano. Desse modo, a Selic deve sofrer novos aumentos nas próximas reuniões do Copom, se aproximando do patamar de 12% a.a.. Considerando a defasagem de tempo necessária para materializar seus efeitos sobre a economia, contudo, esse movimento não deve impactar de forma significativa a inflação em 2014, que, mesmo assim, deve encerrar o ano próxima do limite superior da meta perseguida pelo Banco Central (6,5%).